quarta-feira, outubro 21, 2009

Brasil e África do Sul em busca de mais negócios

Saulo Moreira (Jornal do Commercio - 21.10.2009)
smoreira@jc.com.br

JOANESBURGO – “O Brasil, último país a entrar em recessão, será o primeiro a sair dela”. A frase, estampada na capa de The Economist, em 11 de junho passado, sintetiza a lógica brasileira para se apresentar ao empresariado da África do Sul, país mais rico da África e principal porta de entrada para o continente. A manchete da revista britânica foi projetada ontem pela primeira secretária da Embaixada do Brasil em Pretória, Mari Carmem. Ela foi a primeira brasileira a falar durante o seminário Oportunidades e as Modernas Relações Brasil-África do Sul, evento que integra as atividades da missão empresarial da Fecomércio de Pernambuco ao continente africano.
A África do Sul, que possui três capitais (Joanesburgo, Pretória e Cidade do Cabo) e 48,7 milhões de habitantes, é a 32ª economia do mundo, com um PIB de R$ 277,2 bilhões. Atualmente, as relações comerciais entre os dois países são muito tímidas. No ano passado, por exemplo, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, a África do Sul importou do mundo US$ 99,5 bilhões. Deste volume, apenas 1,8% foi originário do Brasil. Já o Brasil importou US$ 80,8 bilhões em 2008, sendo apenas 0,5% vindo da África do Sul. A ideia agora é ampliar os números da balança comercial, até porque uma das políticas defendidas pelo governo Lula é de um estreitamento cada vez maior nas chamadas relações sul-sul.
O Brasil vende para a África do Sul, principalmente, autopeças e tratores, máquinas agrícolas como um todo e carne de frango. A África nos vende produtos manufaturados. Além de ser tímida, as relações vêm caindo. Nos primeiros nove meses deste ano, tanto nossas exportações quanto as importações apresentaram queda por causa da recessão global decorrente da crise financeira.
Durante o seminário de ontem, a própria Mari apontou um dos principais desafios no curto prazo para que Brasil e África do Sul possam incrementar suas relações comerciais: derrubar o embargo sul-africano à carne brasileira. Desde outubro de 2005, quando foi identificado um foco de febre aftosa em Mato Grosso, a África do Sul deixou de comprar carnes de boi e de porco produzidas no Brasil. Até o final deste ano, segundo as previsões de Mari Carmem, ao menos o embargo à carne bovina deve cair.
A África do Sul é o segundo país a ser visitado pela missão empresarial da Fecomércio. O primeiro foi Angola, cujas dificuldades do pós-guerra abrem várias oportunidades aos brasileiros. Durante o seminário de ontem, em Joanesburgo, o presidente da Fecomércio-PE, Josias Albuquerque, destacou as potencialidades do Brasil e de Pernambuco para atrair investimentos. Líder da missão, ele fez questão de destacar, entre outros pontos, o complexo industrial e portuário de Suape, a Refinaria Abreu e Lima, o estaleiro, o pólo de confecções do Agreste e o projeto de construção da fábrica da Novartis. Já o consultor Cláudio Marinho, sempre usando os recursos do Google Earth, mostrou afinidades culturais e econômicas de Brasil e África do Sul.

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